Um astro triste...

Não fui uma das fãs das músicas de Michael Jackson, mas sua morte e tudo o que a norteou, trazem uma reflexão acerca de uma realidade, novamente comprovada com esse fato, a de que somos apenas poeiras num cosmos infinito. E que somente em ações cooperativas, teremos um planeta saudável e vidas saudáveis.
Penso que talvez seria mais simples a vida do grande astro se ele tivesse que comprar ingressos para um parque de diversões apenas, ao invés de construir um particular, no qual todo um sonho se consumia e se deteriorava, sem surpresas, já que tudo já estava exteriorizado em cada brinquedo sonhado por ele. Imagino o astro entrando vez por outra no parque com a sensação exata do posicionamento, das cores, enfim, de tudo o que lhe esperava.
Não levou nem o ingresso com ele.
O mundo que criou parece ter retirado expectativas, outros sonhos, novas conquistas, deixando-o solitário no vasto universo que pôde, com as riquezas materiais que sua carreira o proporcionou construir.
Nós nos deparamos cotidianente com fatos similares. Acredita-se, creio que em vão, que suportes tecnológicos trarão respostas à problemática vivenciada por anos a fio no campo educacional, aqui enfatizado.
Escolas super equipados com tecnologias de ponta não terão nem o minimalismo tecnológico saudável se somente existirem como aparato a ser apresentado a seu público.
Reporto-me ao astro num paralelo com o posicionamento dos profissionais de educação frente às inovações tecnológicas.
Nos vemos num verdadeiro castelo tecnológico, num parque de diversões com softwares cada vez em maior número e disponibizados cada vez mais a um número maior de usuários.
Talvez devêssemos considerar o fato de que precisamos permanecer atentos à compra do ingresso, a escolhas dos brinquedos, a novos parques vez por outra ou a parques mais simples, com olhar de expectativa diante do novo, do simples ou do mais moderno, isso tem implicações significativas somente quando nos reportamos profundamente numa reflexão dos impactos causados no público estudantil quando o utilizamos.
Nem sempre um laboratório é a melhor opção para determinada atividade. Talvez uma visita a um local em consonância com objetivos previamente propostos seja mais conveniente.
Talvez ter somente o ingresso ao invés do parque inteiro já possa ser suficientemente eficaz se soubermos como fazer a diferença com ele. Diferença aqui vislumbrada sob um olhar pedagógico. Se temos que lidar com muitas pessoas, cursistas, alunos, tutores, formadores, que a cada um tenhamos o cuidado de escolher a tecnologia adequada a cada proposta. E se atingirmos um, dentre os muitos com quem lidamos e melhor ainda, se um deles nos fizes uma pessoa melhor, creio já ser um bom passo para nosso engrandecimento pessoal e profissional.
Se pudermos ter castelos, será bom, mas se adquirirmos tecnologias com as quais possamos engrandecer outrem, construiremos nosso castelo de confirmações pessoais sobre determinadas situações e reciclaremos outras e aprenderemos mais e mais, conhecendo o outro e sua gama de informações e sentimentos inerentes a cada um, de forma única, construiremos um castelo pessoal que levaremos conosco pós morte física. Teremos nosso castelo emocional, profissional, fruto de pequenas ações cotidianas ou de porte maior, por que não?
O fato é de que não importa o avanço tecnológico se não houver a abertura de nossas mentes diante de cada desafio. Nossa postura frente a cada um deles, seja lá de qual amplidão se constitua, o fator essencial é nossa postura pedagógica, íntegra, personificada não com o aparato tecnológico (são apenas ferramentas a nosso dispor), mas com nossa prática pedagógica diante dele.
Na frase final de uma operadora telefônica, de que adianta a banda larga, se a mente for estreita?
Hora, hora cotidiana, de repensar a postura diante do novo, do velho, num equilíbrio contínuo na utilização de cada um, com vistas no ponto culminante e fundamental do processo educacional, o aluno.
Que a sensibilizada esteja aflorada ao abrirmos nossas mentes e exteriorzamos nossas dinâmicas em nosso trabalho como parte integrante de nosso universo íntimo, assim levaremos castelos, tesouros e nosso cérebro conosco, ou melhor, levaremos o saber resultante dessa ação diária, permanente, contínua.
Saber não se acumula, se transmodifica, se restaura como o nascer do sol, que nunca é o mesmo, como nunca um dia é exatamente o mesmo que ontem ou que o incerto amanhã. Por isso, é necessário pararmos por alguns momentos para refletirmos sobre nossa postura diante das TIC, como suporte e reação em nós mesmos e nos que nos rodeiam, que participam de nossas vidas, virtuais e reais.
Astros felizes com simples, porém inigualáveis, sucessos num encontro, numa aula, numa atividade realizada ou com mega eventos, igualmente necessários noutros encontros e propostas de novas ou as mesmas, renovadas e de encontro com cada novo grupo que por nós passa e por onde alguns permanecem conosco, outros talvez nunca mais veremos, o que traz a certeza de que cada gesto pode ser o primeiro e último, pois o amanhã não nos cabe.
Com o tempo se aprende que não vale o quanto temos materialmente, mas como nos posicionamos durante essa evolução. Não despi a necessidade de bens materiais, de tecnologias modernas, mas somente surtirão efeito se pusermos nossa pitada de nós mesmos em cada uma delas.
Como num trabalho em equipe, universalmente colocando ou mesmo apenas a um pequeno grupo, o essencial aos meus olhos continua sendo a necessidade primordial de uma convergência de mentes únicas a uma proposta maior que nossos anseios profissionais. E, ao perceber no outro, possibilidades de nosso próprio engrandecimento, consequentemente refletiremos reações ao menos em algum deles e isso deve ser considerado como um mega sucesso.

Lu Lopes

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